sábado, 31 de março de 2012

Rodoviários não aceitam proposta e greve continua

Por: Ruy Machado, Juliana Sampaio, Ciro Cavalcante e Rafael Lopes 30/03/2012

Em reunião conciliatória no TRT, categoria recusou a proposta dos empresários. Nova audiência acontece na segunda-feira. Fluxo de veículos aumentou e trânsito foi prejudicado


Rodoviários realizaram nova manifestação em frente à sede do seu sindicato. Foto: Marcello Almo

Quem tentou sair de casa na manhã da última sexta-feira encontrou dificuldades. No segundo dia da greve dos rodoviários, ainda houve muitos transtornos, obrigando a população a se deslocar com veículos particulares ou utilizar o transporte alternativo. Na Baixada Fluminense, os rodoviários, que pararam na quinta-feira à tarde, resolveram suspender a greve até segunda-feira, quando haverá reunião de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região.
Em Niterói, a paralisação fez aumentar o fluxo de carros nas principais vias e a faixa exclusiva para ônibus do corredor metropolitano foi liberada pela NitTrans. No Terminal Rodoviário João Goulart, muitos passageiros que tentaram pegar ônibus no fim da manhã foram impedidos depois que um grupo de aproximadamente 200 manifestantes bloqueou a passagem dos coletivos, impedindo que os veículos parassem nas baias de embarque e desembarque. Um manifestante chegou a ser detido pela PM, mas foi liberado em seguida.
Adesão - Segundo o Setrerj, no segundo dia de greve foi observado maior comparecimento de rodoviários e mais ônibus circularam. A frota é composta por 3.767 coletivos que atendem aos municípios de Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí e Tanguá.
Para o Setrerj esse dado demonstra que os rodoviários estão percebendo que a oferta patronal é vantajosa e a greve é um contrassenso.
Audiência - A reunião conciliatória no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) terminou sem acordo. Uma nova assembleia dos rodoviários deverá ser realizada até o dia 2, para que eles decidam o rumo da greve, antes de nova audiência no TRT, marcada para as 13h de segunda-feira.
O sindicato patronal manteve a proposta de reajuste em 10% no salário e de aumento de 25% na cesta básica, caso os rodoviários colocassem fim ao movimento ainda ontem. Do contrário, o ponto de partida para as negociações volta a 5,6%; reajuste calculado com base na inflação de 2011. Além disso, perdem também a oferta de gratuidade no transporte e de ajuda de custo no uniforme.
O presidente do Setrerj, Marcelo Traça Gonçalves, argumentou que a proposta oferecida aos rodoviários está acima dos parâmetros da inflação.
“Fizemos uma sugestão honesta, estamos oferecendo uma proposta acima da inflação, um ganho salarial significativo para a categoria. O que está bem claro é que essa greve tem conotação política, devido às eleições do Sintronac que vão ocorrer no meio do ano. Acontece que eles não estão pensando na população, que é quem está sofrendo com isso tudo”, declarou.
O vice-presidente do Sintronac, Rubem dos Santos, disse que a decisão agora cabe aos trabalhadores.
“A decisão fica por conta deles e nós vamos apoiar, mas vamos deixar claro para eles tudo o que foi discutido aqui, inclusive as perdas das conquistas que o sindicato já conseguiu e que estão sendo ameaçadas com o prosseguimento da greve”, reconheceu.
Mediação - O desembargador que presidiu a audiência, Carlos Alberto Drumond, se posicionou em relação ao aumento que está sendo oferecido pelas empresas e propôs medidas conciliatórias.
“O valor oferecido pelos empresários está acima do INPC. No entanto, ainda assim os rodoviários continuam irredutíveis. Portanto, propus que as empresas ofereçam aos funcionários participação nos lucros, além de outras vantagens”, pontuou.
A sugestão foi acatada pelo Setrerj.
“Nós aceitamos a proposta e vamos formar um grupo para estudar nos próximos 12 meses esta possibilidade”, declarou Marcelo.
Impasse - Quanto a outro ponto abordado na audiência, a dupla função, o desembargador foi incisivo ao afirmar que a função do cobrador está em extinção e que não há como reverter esse quadro. Ele comparou o transporte coletivo de outros países para chegar à conclusão.
Mesmo diante de todas as propostas apresentadas, o motorista e representante da comissão da greve dos rodoviários, Samuel Gonzales, se manteve irredutível.
“Eles querem nos explorar, precisamos ser valorizados. Se depender de mim, a greve está mantida”, afirmou.


Fonte: O FLUMINENSE

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