sábado, 15 de junho de 2013

Explosão, balas de borracha e gás lacrimogêneo em Niterói

Por: Leonardo Sodré e Thiago Teixeira 

Protesto contra aumento de passagens de ônibus realizado no Centro da cidade dá um nó no trânsito da cidade e termina em confusão. Avenida Amaral Peixoto foi interditada por duas horas 















A manifestação para redução das tarifas dos ônibus nesta sexta-feira, em Niterói, terminou com bombas de efeito moral, spray de pimenta e tiros de balas de borracha na direção dos manifestantes que chegaram a fechar, no fim do ato, os acessos ao Terminal Rodoviário João Goulart, no Centro. Cerca de 2,5 mil pessoas participaram do protesto ‘Não ao aumento das passagens para R$ 2,95 em Niterói!’, entre eles, trabalhadores, estudantes e lideranças políticas da cidade.  
Apesar da confusão, não houve feridos, mas a manifestação parou o trânsito na cidade desde o fim da tarde, atrapalhando a volta do trabalho e causando reflexos na Ponte, onde motoristas levavam mais de uma hora para atravessá-la. 
Segundo o comandante do 12º BPM (Niterói), tenente-coronel André Luiz Belloni Gomes, 100 policiais do batalhão foram deslocados para garantir a segurança, além de 50 policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) e um helicóptero. 
“A manifestação ocorreu de forma pacífica, tudo que foi acordado com a organização do protesto foi cumprido. Os manifestantes estão dando o recado deles e nós estamos aqui para garantir a lei e a ordem”, declarou o comandante quase no fim do protesto, antes que um grupo de manifestantes seguisse para o terminal a fim de impedir a circulação dos coletivos.
Pedindo a revisão da tarifa, que custava R$ 2,75 até o último dia 7, os estudantes se concentraram a partir das 17 horas na Praça Araribóia, em frente à Estação das Barcas e seguiram em direção à Prefeitura. Como a polícia bloqueou os acessos à Rua Visconde de Sepetiba, onde fica a sede do Executivo, os manifestantes seguiram para a frente da Câmara Municipal, na Avenida Amaral Peixoto, que teve todas as faixas interditadas por mais de duas horas.
Além de reter o trânsito, alguns manifestantes ainda picharam o prédio da Câmara e arrancaram as bandeiras do Brasil e do Estado que estavam hasteadas nos mastros. 
Durante o protesto, os manifestantes gritavam palavras de ordem e ostentavam cartazes.
A intenção dos manifestantes era encontrar-se com o prefeito Rodrigo Neves, mas a reunião não ocorreu. A prefeitura informou que designou uma comissão especial, coordenada pela secretária Executiva Maria Célia Vasconcellos, para receber representantes da manifestação, mas que até o término do protesto, ocorrido por volta das 20h, nenhum grupo representando o movimento se apresentou para ser recebido pela comissão especial. A prefeitura de Niterói acrescentou que estará permanentemente aberta ao diálogo.
Um dos organizadores da manifestação, o aluno da Universidade Federal Fluminense (UFF) Paulo Henrique de Lima, de 24 anos, ressaltou a importância da adesão dos estudantes. 
“É importante que os estudantes estejam nas ruas mostrando nosso descontentamento com o aumento da tarifa”, declarou.
Devido ao caos que se formou no trânsito, muita gente que voltava do trabalho para casa na hora do protesto reclamou. Foi o caso da entregadora Tairine Gomes, de 22 anos. “Trabalhei o dia inteiro e acho que eles poderiam fazer isso num outro dia e local. Agora, numa sexta-feira, atrapalhar quem está voltando do trabalho não dá”. 
Colaborou Ruy Machado
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Violência durante manifestações no Rio e em São Paulo 
Cerca de 10 mil pessoas participaram na noite de quinta-feira do protesto contra o aumento da passagem de ônibus no Centro do Rio. Ao contrário do que aconteceu em São Paulo, onde os atos foram marcados por confrontos violentos entre a polícia e os jovens, a confusão só aconteceu no fim da passeata, quando parte dos manifestantes seguia para a Central.
Um estudante levou tiro de borracha no olho esquerdo e um PM foi atingido com pedrada na cabeça. Um terceiro manifestante se feriu. Segundo a Polícia Militar, 16 pessoas foram detidas e encaminhadas à 5ª DP (Mem de Sá). O protesto começou às 17h na Candelária e seguiu, primeiramente, para a Cinelândia.
Simultaneamente, São Paulo também registrou manifestações contra o aumento do valor das passagens. Lá, o ato foi violento e, enquanto lojistas fechavam as portas para evitar depredação, a Polícia Militar prendia dezenas de pessoas para averiguação.
Os manifestantes, cerca de 5 mil segundo a PM, usavam máscaras e narizes de palhaço. A Cavalaria da PM uniu-se ao Choque, onde começaram os confrontos. A polícia avançou com balas de borracha e gás lacrimogêneo sobre os manifestantes, que revidaram jogando pedras e garrafas em direção aos PMs. Sete jornalistas da Folha de São Paulo foram feridos com balas de borracha ou atingidos por spray de pimenta de PMs enquanto cobriam as manifestações. Os sete estavam identificados como profissionais de imprensa.
A repórter da TV Folha Giuliana Vallone, por exemplo, teve a região do olho direito atingida por uma bala de borracha e foi hospitalizada.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) condena a violência policial contra jornalistas que cobriam manifestação em São Paulo, na última quinta-feira. “De acordo com todas as evidências, inclusive imagens e depoimentos dignos de confiança, a ação policial extrapolou o rigor cabível em ações voltadas à manutenção da ordem. Em particular, é inaceitável a prisão de repórteres e a brutalidade empregada pelas forças policiais contra jornalistas, mesmo depois de identificados, que apenas cumpriam seu dever de apurar os fatos”, diz em nota.
“Diante do ocorrido, a ANJ espera que as autoridades investiguem o episódio, adotando as medidas cabíveis para que os responsáveis pelos excessos sejam punidos e para assegurar que o trabalho da imprensa seja respeitado e a integridade de seus profissionais preservada”, completa a nota.


Fonte: O FLUMINENSE

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