segunda-feira, 14 de outubro de 2013

As mil e uma faces do cirurgião plástico Ronaldo Pontes

Por: Cláudia Felício 

Cirurgião plástico e reconhecidamente um dos maiores especialistas em lifting facial em Niterói. Apaixonado pela profissão, trabalha até nos fins de semana 














Casado há 55 anos, tem três filhos: Gisela, cirurgiã plástica, que seguiu os passos do pai; Márcia, dermatologista, e Conrado, administrador do hospital da família, que fica em Niterói. Apaixonado pela profissão, trabalha até  nos fins de semana, dando consultas e operando. Nos raros momentos de folga, o golfe e a aviação são seus hobbies. Nesta entrevista, ele fala sobre a carreira:

Como o senhor começou sua carreira?
Na época que eu comecei era muito diferente do que é hoje. Não tinha muito lugar para aprender no Brasil. Então, para ampliar o conhecimento, era preciso sair do país. Tive um início de carreira bem diversificado: um tempo no Rio, um tempo em São Paulo, Buenos Aires, Paris, Miami, Londres. Agora, tem escolas e isso à época não existia. Foi um início muito penoso porque eu era um jovem sem recursos, tinha que viajar em condições até precárias para poder aprender uma profissão que se figurava para mim como algo muito apaixonante.
Como é a sua rotina? O senhor faz cirurgias e dá consultas diariamente?
Tem épocas do ano que atendo de segunda a sexta-feira, mas tem outras épocas que trabalho até sábados e domingos. A cirurgia plástica é um tanto sazonal no momento. As cirurgias grandes eu faço às terças e quintas; cirurgias menores, às segundas, quartas e sextas. Como às sextas eu dedico um tempo aos residentes, tenho um procedimento menos amplo que me dê tempo para poder dar atenção a eles. A cirurgia depende um pouco do fluxo das pessoas que vêm de fora, às vezes, a gente opera em um sábado porque a agenda da pessoa não permite incluí-la em procedimentos durante a semana.
Quais os períodos do ano há mais pacientes que buscam a cirurgia plástica?
No inverno tem mais gente e diminui nas épocas de carnaval e festas de fim de ano, no verão. Isso para as pessoas que moram aqui no Brasil, as de fora, não. Como nós temos no hospital pacientes de vários países, acabamos ficando um pouco presos ao tempo deles também. O europeu, por exemplo, em julho e agosto foge. Eu tive consultório em Lisboa por muitos anos e agosto era um mês morto, é hábito deles. Então, às vezes, eles migram para cá e vêm operar aqui. Tenho pacientes de Cingapura, Austrália que vêm para fazer cirurgia comigo e outros colegas.
Em termos de cirurgia plástica, quais os procedimentos mais realizados pelas mulheres brasileiras?
Como estatística geral do Brasil, as campeãs são a lipoaspiração e os implantes de silicone.Os homens também recorrem à cirurgia plástica, porém com uma frequência menor que as mulheres.
Qual a cirurgia que eles mais procuram?
A cirurgia masculina, na minha vivência, está mais concentrada na face. Eu tenho até um projeto que é o “Operando o casal”. Eu opero a mulher e o homem um dia depois do outro.  
Como funciona esse projeto?
No hospital, eu fiz uma instalação que são dois apartamentos contíguos, que podem se comunicar, feitos especificamente para operar o casal. Em todos os casos da amostragem, as mulheres operam primeiro e logo depois os homens, mas há casos que eles também fazem juntos. Tenho casos de operar a mulher duas vezes e o homem uma vez só.
O que o senhor acha das novas técnicas como botox e preenchimento? Elas substituem o lifting facial ou adiam esse tipo de procedimento?
Quando tem um envelhecimento já manifestado, só há um tratamento efetivo que é uma boa cirurgia. Esses métodos citados não são profiláticos e nem são terapêuticos. Os preenchedores requerem muito cuidado porque são extremamente perigosos. O botox é legítimo, até porque tem uma duração, depois ele desaparece e pode repetir se for o caso. Eu, pessoalmente, não faço nada disso, contudo recebo muitos pacientes em decorrência de complicações com preenchimentos. Posso até fazer uma advertência ao público em geral: cuidado com os preenchedores porque, depois que injeta, para tirar é um problema!
Qual o conselho que o senhor dá para quem quer retardar o envelhecimento? Tem algum truque? 
Truque, infelizmente, não tem. É inexorável envelhecer, faz parte da vida. Tentar se preservar mais não fumando, não exagerando no consumo de álcool, tendo uma vida mais saudável – não totalmente espartana, mas saudável – mantendo o peso e também não se expondo ao sol, pode ajudar nesse processo. O que eu faço em quase todos os casos? Para uma pessoa com 60, 70 anos, eu peço uma fotografia dela com 20, 30 anos, e tento me aproximar das características fisionômicas. A cirurgia plástica hoje tem recursos, tem condição técnica de a gente fazer quase tudo.
Nas horas de folga, Um dos seus hobbies é A aviação. como aconteceu essa sua escolha?
Eu sou piloto desde 1955, exatamente o mesmo tempo que sou cirurgião. Eu faço pelo prazer de estar lá em cima, mas não piloto com tanta frequência como eu gostaria porque não dá tempo para conciliar tudo. A cirurgia plástica ocupa quase todo o meu tempo. Agora está mais fácil de se pilotar porque existe a chamada “aviação leve”, em que os aviões são pequenos. A aviação que eu faço não é para se locomover daqui para a Bahia, é para brincar por aqui, Cabo Frio, Angra, é para dar prazer, só isso. Meu avião tem autonomia de quatro horas e meia de voo, chega a 200km/h, dá para ver bem o lugar onde se voa. O voo mais longo que já fiz foi até Paraty. O golfe também é outro passatempo que gosto bastante.
O senhor também já escreveu alguns livros. Fale sobre essa experiência.
Um livro de técnicas cirúrgicas é produto de uma longa vida. Sou coautor em várias obras, mas escrevi, pessoalmente, três livros: “O universo da ritidoplastia”; “Abdominoplastia e lifting de coxa”, esse foi publicado em quatro idiomas; e o último que foi lançado no ano passado é um atlas com muita foto, pouco texto chamado “Atlas de rinoplastia (enxerto)”. Agora, estou fazendo um só sobre cirurgia plástica masculina, que deve ser lançado dentro de oito meses.
Qual foi o paciente mais novo e o mais velho que o senhor operou?
A pessoa mais nova tinha 20 anos, emagreceu 60 quilos e face despencou completamente. A mais velha tinha 86 anos.
E como foi ver uma pessoa de 86 anos procurar uma cirurgia plástica?
Você sabe que eu tinha a mesma ideia que você? Mas aí, depois, mudei meu conceito. Normalmente, o paciente chega e preenche uma ficha e lá tem um espaço para a data de nascimento. Há uns 40 anos, eu tive uma paciente interessante no consultório. Ela tinha 82 anos, segundo a ficha. Nessa época, eu ainda tinha a ideia de limitação de idade e ela, muito perspicaz, notou que eu estava fazendo as contas da idade dela. Então ela me disse a seguinte pérola: “Doutor, você está olhando a minha idade?”. Eu fiz uma coisa muito errada na época e fiquei quieto. Ela retrucou: “Ninguém é tão jovem que não possa morrer amanhã e nem tão velho que não mereça viver um ano feliz”. Levantou-se e foi embora. Daí em diante, tem saúde, eu opero!

Fonte: O Fluminense

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