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domingo, 17 de março de 2013

População enfrenta caos para conseguir chegar ao Rio

Por: Vinícius Rodrigues

Obras do projeto Porto Maravilha, na Zona Portuária do Rio, têm ocasionado reflexos no trânsito dos principais eixos viários de Niterói. Tempo de travessia da Ponte Rio-Niterói duplicou 














Desde a última semana, motoristas passaram a conviver com engarrafamentos além do normal em diversas ruas de Niterói, em especial nos corredores viários que levam à Ponte Rio-Niterói. Isso porque, começou a terceira etapa das obras do projeto Porto Maravilha, na Zona Portuária, mais especificamente na Avenida Rodrigues Alves, no Centro do Rio. 
As intervenções estão se refletindo nos chamados gargalos da cidade. O problema começa a atingir também o serviço das barcas que, durante toda a semana, apresentou excesso de passageiros na Estação Araribóia, no Centro e em Charitas. Para especialistas, a solução seria optar pelo transporte público, já que amenizaria o excesso de veículos nas ruas, ou pequenas intervenções no trânsito da cidade.
Desde o último dia 22, na primeira semana de interdição da Praça Mauá, no Rio, o congestionamento vem tomando toda a extensão da ponte, causando reflexos por toda Niterói. Segundo a CCR Ponte, concessionária responsável pela rodovia, o tempo de travessia sentido Rio quase duplicou, passando de 17 minutos, em média, para 30. Com isso, o congestionamento que normalmente se estendia das 7 horas até as 10 horas, atualmente chega em alguns dias até as 12 horas. 
Diante do quadro, qualquer acidente, por menor que seja, acaba gerando o caos no trânsito de Niterói. Foi o que ocorreu na última segunda-feira, após um ônibus perder uma das rodas na descida do vão central.
Segundo o gestor de atendimento da CCR Ponte, Rodolfo Borrel, a interdição na Praça Mauá diminuiu a fluidez do elevado do Gasômetro, uma das vias de descida da ponte, principalmente para quem segue para o elevado da Perimetral, e aumentou o congestionamento na descida da Rodoviária Novo Rio, que antes não apresentava grandes problemas.  
“Aproximadamente 60% dos usuários que utilizam a ponte no horário de pico passam pelo elevado do Gasômetro para pegar a Avenida Francisco Bicalho ou o elevado da Perimetral, onde tem uma interdição. Por causa do desvio o trânsito na Ponte fica com retenções que hoje chegam até o vão central. Na primeira semana da interdição a retenção de veículos ocupou toda a ponte invadindo a cidade de Niterói”, explica.
A estudante de mídias Fernanda Carvalho é uma das que sofrem com os constantes engarrafamentos. Estudante da Universidade Federal Fluminense e moradora do bairro do Pé Pequeno, ela disse que antes levava 20 minutos de ônibus, hoje a história é outra.
“Pelo menos 40 minutos é o tempo que levo hoje. O problema é tão grande que eu parei de pegar ônibus e optei por bicicleta. Mesmo assim é complicado porque não tem espaço nas ruas, nem ciclovia”, disse.
Para o engenheiro de tráfego da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mário Buaz, a solução em Niterói seria o uso de transporte público, caso o trajeto seja para o Rio. Segundo ele, o excesso de carros impede opções alternativas.
“Essa seria a melhor opção. Uma vez que as vias de acesso ao Rio estão congestionadas, os moradores da cidade poderiam optar pelas barcas ou pelos ônibus. Agora, é preciso que haja excelência nesses serviços. Porque se isso não acontecer, vai causar reclamações, gerar insatisfação ou revolta”, opinou.
Seguindo a linha de raciocínio, Carlos Corrêa, especialista em trânsito da Fundação Getúlio Vargas, é categórico ao dizer que é preciso haver uma nova reordenação do trânsito, sobretudo em Icaraí.
“É preciso que haja uma solução. Se olharmos a região de Icaraí, as construções imobiliárias estão avançando. Imagina uma construção nova com mil moradores? Imagina pelo menos mil moradores saindo no mesmo horário? Sendo assim, acredito que o rodízio de placas poderia ser uma solução. Outra ideia poderia ser a construção de pistas seletivas para os ônibus”, disse o especialista, descartando o alargamento das vias, por entender a impossibilidade devido às construções. 

A obra – A pista sentido Centro da Rodrigues Alves está interditada entre as ruas Rivadávia Corrêa e Antonio Lage, nas imediações da Cidade do Samba. O trânsito no trecho foi desviado para a pista sentido contrário.
As interdições visam a abrir caminho para a perfuração do túnel da Avenida Rodrigues Alves, que será transformada em via expressa até 2016, dentro do projeto Porto Maravilha.

Melhorias à vista no mar
Os transtornos com as barcas podem estar com os dias contados. Com a assinatura, na última sexta-feira, do governo estadual, com o estaleiro chinês Afai Southern Shipyard, sete novas barcas, de 2 mil lugares cada, que farão a travessia Rio-Niterói, nos terminais Praça XV e Araribóia, vão estar à disposição do usuário. A previsão é que as embarcações fiquem prontas em 24 meses, mas o governador Sérgio Cabral fez um apelo aos chineses para que entreguem pelo menos uma embarcação antes da Copa do Mundo de 2014.
 Outras duas barcas adquiridas pelo Governo, de 500 lugares cada uma, serão fabricadas pelo estaleiro cearense Inace, que também venceu licitação. O total do investimento nas nove embarcações foi de R$ 273 milhões.
“Estamos muito felizes com este contrato com um dos maiores grupos navais do mundo. Quem vai ganhar é a população do estado: as pessoas terão maior qualidade de vida, conforto e tempo para estar com suas famílias, para o lazer e para chegar mais rápido ao trabalho”, disse o governador, ressaltando que a travessia realizada pelas barcas é a maior de passageiros do Hemisfério Ocidental.
Segundo o secretário de Transportes, Julio Lopes, a capacidade atual da CCR Barcas de atender ao público vai dobrar com as novas embarcações.
“Nós hoje temos em torno de 12,6 mil lugares. Com as novas barcas, vamos para 24 mil lugares por hora. Isso vai trazer um outro padrão de conforto à população, porque as barcas são dotadas de ar-condicionado e de um sistema moderno de navegação com dupla proa, o que permite que, sem manobras, atraquem nos dois terminais, numa velocidade que proporcionará uma travessia de 15 minutos”, afirmou Lopes.
As embarcações chinesas são 70% mais eficientes energeticamente, poluindo menos por pessoa transportada. Um dos exemplares é movido a gás, o que reduz a poluição a zero. A concessionária CCR Barcas transporta cerca de 120 mil passageiros por dia pela Baía de Guanabara, sendo 90% originários de Niterói.

Fonte: O FLUMINENSE

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