Família da adolescente Luana Pereira dos Santos, grávida de oito meses, diz que médico liberou a paciente em trabalho de parto, alegando que não era hora do bebê nascer
Pelo segundo dia consecutivo o Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), única unidade médica que atende casos de alta complexidade em Niterói, é acusado de negligência no atendimento a gestantes. Duas famílias acusam o hospital de negligência no atendimento às grávidas em trabalho de parto. Na última quarta-feira, familiares de Luana Pereira dos Santos, de 16 anos, que estava grávida de oito meses, estavam indignados com a morte do filho da adolescente, que ocorreu na terça-feira.
De acordo com a família da jovem, Luana chegou ao Heal na segunda-feira com contrações e perda de líquido amniótico, e foi atendida por uma médica que indicou a imediata internação. Porém, na troca de plantão, o médico substituto mandou a então grávida para casa, alegando que não era hora do bebê nascer.
Ainda sentindo as dores da contração e com a bolsa estourada, Luana foi até o posto médico em Rio do Ouro, em São Gonçalo, onde fez o pré-natal para ver o que estava acontecendo. No local, o médico responsável não diagnosticou o batimento cardíaco da criança e, imediatamente, mandaram-na de volta para o Heal.
Ao chegar ao hospital, na terça-feira, a paciente foi examinada e constataram que a criança realmente estava morta. Internada, Luana esperou 24 horas para que algum médico a atendesse. A cesariana só foi realizada no fim da tarde de ontem e a causa da morte, segundo informou a família, com a posse do laudo de óbito do hospital, foi o fato de o cordão umbilical estar enrolado no pescoço da criança.
Logo após a cirurgia, o pai da adolescente, Marco Aurélio Monteiro dos Santos, foi até a 78ª DP (Fonseca) para fazer o registro de ocorrência do caso. Por telefone, o delegado Paulo César Silva afirmou que o feto foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) para que a biópsia seja feita e o processo investigatório iniciado após o resultado. A partir do laudo da perícia é que a delegacia poderá dar um posicionamento sobre o caso.
A Secretaria Estadual de Saúde foi procurada para falar sobre este caso, mas não respondeu até o fim desta edição.
Outro caso – Mesmo após a perda do bebê, Tatiana Aparecida D’Ávila, de 27 anos, foi a 78ª DP (Fonseca) para fazer o registro de ocorrência, na manhã de ontem, após ter perdido o bebê no 9º mês de gestação, também no Heal.
Tatiana acusa o hospital por negligência ao ficar horas esperando por atendimento durante trabalho de parto, no último fim de semana. Ela foi encaminhada pelo próprio Heal para a Maternidade Municipal Alzira Reis, em Jurujuba, já que na unidade médica estadual estava com superlotação.
Na maternidade, ao fazer exames, foi constatado que o bebê estava morto dentro da barriga da mãe.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que Tatiana Aparecida D’Avila deu entrada no domingo às 8h32, com queixa de dor em baixo ventre, bolsa rompida e perda de líquido no dia anterior. Examinada às 10h48, foi verificado que ela estava com bolsa íntegra e batimento cardíaco fetal normal, sendo solicitada transferência em decorrência de superlotação. Por volta das 13h, a paciente foi reexaminada e transferida para a Maternidade Municipal Alzira Reis, após confirmação de vaga. Ela retornou ao Heal às 17h, já com batimento cardíaco do feto inaudível e foi submetida a cesariana. O bebê foi submetido a manobras de reanimação sem êxito.
Fonte: O FLUMINENSE
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