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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A febre do momento: Moda InstaFitness

Por: Pamela Araujo 

Instafitness é um desses neologismos da internet, provocados pela febre das redes sociais, que acabam virando mania da noite para o dia, principalmente entre os famosos  














A ideia da vez é tirar fotos do treino físico para compartilhar com os seguidores do aplicativo Instagram, daí o nome insta + fitness.
Algumas vão além: criam uma espécie de diário virtual, registrando, em imagens, todo tipo de atividade física que estão praticando, os alimentos que estão ingerindo e outros hábitos saudáveis. Quanto mais em forma o corpo, maior é o número de seguidores.
Especialistas discutem, entretanto, até que ponto a atitude é realmente positiva para a saúde. Se por um lado, ela estimula a prática de hábitos saudáveis, por outro, pode causar prejuízos. A nutricionista Noadia Lobão alerta, por exemplo, para os riscos de se seguir dietas sem procurar antes um profissional competente.
“Para obter o resultado proposto através da dieta, é preciso considerar fatores orgânicos, psicológicos e sociais, além de fazer uma avaliação das necessidades de nutrientes de acordo com o peso, altura, idade, sexo, exercícios físicos e a individualidade bioquímica conferida através de sinais, sintomas e provas bioquímicas (exames)”, explica a especialista em Nutrição Funcional, acrescentando que práticas inadequadas podem levar a transtornos alimentares, como anorexia, bulimia e transtorno do comer compulsivo, além de fraqueza, dores de cabeça, perda da massa magra, comprometimento da imunidade.
 
Noadia recomenda, ainda, precaução ao se deparar com informações sobre saúde na rede, porque, segundo ela, “a maioria está incorreta, incompleta ou inadequada”. 
“A dieta é pessoal, não existe um padrão para todos seguirem”, frisa.
Já a profissional de Educação Física, Mariana Brito, especialista em Ciências da Performance Humana, acredita que a moda do “instafitness” pode ter sim efeito positivo ao incentivar práticas saudáveis.
 
“Há pessoas muito disciplinadas para a prática da atividade física, no entanto, a maioria tem dificuldade de motivar-se e de manter-se motivado para isso. Acompanhar diariamente, através de fotos ou postagens, quem consegue manter esta motivação e disciplina mostra que é possível ter essa regularidade quando o assunto é cuidar da saúde e que vale a pena se dedicar. Pode ser aquele empurrãozinho que faltava ou que falta diariamente para manter a periodicidade da atividade física ou dieta”, observa.
A profissional destaca, contudo, que é preciso “respeitar a individualidade biológica de cada um”. “O que é bom para mim não necessariamente será para você. Além disso, há a questão da execução do movimento. É imprescindível a consulta de um profissional de educação física para se iniciar qualquer programa de treinamento. As consequências de simplesmente copiar as dicas soltas e generalizadas dessas fontes é lesão. Lesão por volume de exercício inadequado ou por má execução. No outro extremo, está o risco de não se conseguir resultado algum. Treinamento físico não é a realização de exercícios isolados, há um planejamento, uma programação, que leva em consideração a individualidade biológica, nível de condicionamento físico, disponibilidade, rotina e objetivos de cada um. Por isso, é necessário consultar um profissional da área”, diz.
Além disso, de acordo com Mariana, é comum a pessoa ter um biótipo que não condiz com o almejado (postado em um perfil que ela segue), e isso pode causar frustração.
“Se essa pessoa estiver sendo orientada por um bom profissional certamente receberá a orientação de que existem biótipos diferentes e que o importante é ela aceitar o dela, e trabalhar dentro da sua realidade e possibilidades. Importante é buscar um corpo saudável que naturalmente será esteticamente bonito, mesmo que não seja como o da ‘fulana’, ‘beltrana’ ou ‘sicrana’”, acredita.
Sobre como lidar com o excesso de informações sobre exercícios físicos na rede, Mariana recomenda “bom-senso”.
“Hoje, qualquer pessoa pode ter um canal. Em qualquer área ou assunto, é preciso ser crítico, atento para identificar de onde está vindo aquela informação”, pontua.
O ortopedista Adalto Lima, chefe da ortopedia do Hospital Badim e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia, enfatiza a importância da escolha, intensidade e a carga de exercícios ser feita por um profissional qualificado: médico, fisioterapeuta ou professor de Educação Física.
“A atividade física é sempre fator que proporciona saúde em qualquer faixa etária. Mas cada indivíduo possui um biótipo (peso-altura), resistência muscular, condicionamento cardiopulmonar e estrutura esquelética diferentes, devendo, portanto, ter sua prática de atividade personalizada e adequada à sua capacidade e aptidão”, ratifica.
Segundo ele, algumas patologias pré-existentes podem se agravar com a prática indevida de exercícios por quem tem excesso e falta de controle nutricional, sobrepeso, cardiopatias, diabetes, artroses, lesões ligamentares prévias, instabilidades articulares, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Já entre os praticantes sadios, ele destaca os riscos de lesões musculares e ligamentares, entorses, contusões, fratura de stress (por overtraining), desidratação.

Inspiração
A estudante de administração Joanna Guisan, de 25 anos, e a procuradora do Estado Ana Carolina Freire, 29, são adeptas dessa mania. “Nunca preguei a magreza, pelo contrário, incentivo as pessoas a buscarem o melhor para a saúde e não um padrão que não vão alcançar”, afirma Joanna, que também segue dois perfis do tipo. “Vejo ideias de alimentação, mas não sigo tudo. Há muito exagero”, considera.
 
Ana Carolina só critica as invejosas de plantão. “Tem gente que entra no perfil só para criticar, não malho apenas pelo fator físico, isso é consequência. Por outro lado, fico feliz com os elogios, quando alguém diz que se inspira na minha determinação”, conta.

"Patologias pré-existentes podem se agravar com a prática indevida de exercícios por quem tem excesso e falta de controle nutricional".
Adalto Lima, ortopedista

Fonte: O Fluminense

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