Alimentos e bebidas ricos em açúcar consumidos em excesso por crianças, e também o sedentarismo, podem ser fatores que contribuem para surgimento da doença
Bebidas açucaradas, doces e biscoitos. Essas e outras guloseimas são alimentos preferidos entre crianças e adolescentes, contudo o consumo em excesso pode causar uma doença séria: a diabetes infantil, uma enfermidade silenciosa que pode levar a complicações graves se não for controlada a tempo. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, o crescimento anual da doença nesse grupo pode chegar a 3%.
A endocrinologista do Hospital São Vicente de Paulo no Rio de Janeiro, Renata Sacramento, afirma que as modificações no estilo de vida são fundamentais para a prevenção.
“A incidência do problema entre os mais jovens é reflexo do sedentarismo e da alimentação. Os pais devem ficar atentos e estimular uma refeição saudável, que deve ser rica em frutas, verduras e carnes magras, ainda na infância. Atividades físicas ao ar livre também são ótimas aliadas. É importante ressaltar que muitas patologias que se manifestam têm origem nos hábitos adotados desde os primeiros anos de vida”, ressalta .
Marília Brito Gomes, endocrinologista e coordenadora da Policlínica Piquet Carneiro, explica que a diabetes é a elevação ou falta de glicose no sangue. “A glicose é adquirida através da transformação dos alimentos na digestão. A utilização da glicose depende da presença de insulina, substância produzida pelo pâncreas. Quando a glicose é produzida sem controle, acontece a diabetes tipo 1, a que é mais comum em crianças, por conta da destruição imunológica das células produtoras de insulina. Já quando a glicose não é bem utilizada pelo organismo ela se eleva no sangue e provoca o diabetes tipo 2, mais comum em adultos e em crianças que desenvolvem uma obesidade”, esclarece.
A especialista em endocrinologia do Hospital Pró Cardíaco, Denise Momesso declara que o diabetes tipo 1 está relacionado à herança genética e ocorre com mais frequência em pessoas com predisposição.
“No paciente infantil com diabetes é muito importante combater as complicações agudas e crônicas através do controle da glicose. As crianças com diabetes que têm boa aderência ao tratamento e bons hábitos de vida, podem ter sua glicose controlada, um crescimento normal e boa qualidade de vida” destaca.
A profissional também lista quais são os sintomas mais comuns no desenvolvimento de diabetes. “Os pacientes costumam apresentar fraqueza, perda de peso, sede excessiva, aumento do apetite, urinam excessivamente e até acordam à noite para urinar. Algumas crianças podem ter dificuldade de concentração, alterações na visão (vista embaçada) e infecções repetidas”.
Yolanda Schrank, endocrinologista do laboratório Sérgio Franco, lembra que o rastreamento em crianças para o diagnóstico de diabetes deve ser feito através da determinação da glicemia (dosagem da glicose no sangue) a partir dos dez anos e a partir daí de 2 em 2 anos. No entanto, quando houver o aparecimento dos sintomas da doença o rastreamento deve ser feito imediatamente.
Edison Camargo Mendel, de 66 anos, é diabético e por isso tem cuidados redobrados com a filha Dominique de 10 anos.“Ela fez os exames e não acusou nada, no entanto, eu tomo muito cuidado com a alimentação dela para evitar a doença”, diz.
Dominique conta que nunca tomou refrigerante e não come chocolates. “Já me acostumei e não sinto tanta falta desses alimentos”, revela.
Prevenção – O Ministério da Saúde fechou uma parceria com a Federação Nacional de Escolas Particulares, para distribuir manuais das cantinas escolares saudáveis. Já a Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou um projeto que proíbe a venda, em escolas públicas e privadas, de bebidas com baixo valor nutricional. Refrigerantes e alimentos com alto teor de gordura e sódio devem ser banidos. A medida vai para a Câmara, para depois tramitar no Congresso e passar pela sanção da presidência.
Centro de tratamento
O mais novo centro de referência no tratamento de diabetes do Estado entrou em funcionamento nesta semana. Com capacidade para atendimento de 2,2 mil pacientes por mês, o espaço fica na Policlínica Piquet Carneiro, em São Francisco Xavier, Zona Norte do Rio. O investimento foi de R$ 1 milhão, através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Hospital Universitário Pedro Ernesto, ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
O atendimento no centro de referência é gratuito e os pacientes serão monitorados por uma equipe multidisciplinar com médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionistas, professores de educação física e psicólogos. A chefe do serviço de diabetes da Uerj e coordenadora da clínica, Marília de Brito Gomes, destaca que o paciente precisa ser tratado de forma integral.
“A proposta é que o paciente faça o máximo de exames complementares no mesmo dia. Aqui tratamos não apenas a diabetes, mas todos os problemas que ela acarreta, não só físicos como psicológicos. Os pacientes têm que ser vistos como um todo”, explicou.
O espaço não atenderá emergências e por enquanto os agendamentos de consulta são feitos para os que já se tratavam no Hospital Pedro Ernesto. Em breve, serão abertas vagas para encaminhamento das secretarias estadual e municipal de Saúde.
Os pacientes contam com sete salas de ambulatório, uma sala para atendimento nutricional, uma de pesquisa clínica, uma sala para consulta oftalmológica, uma para avaliação cardiovascular, uma sala para avaliação de neuropatia, e uma para exames, além da brinquedoteca para as crianças.
Fonte: O Fluminense

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