Operação tinha objetivo de cumprir 492 mandados de busca e apreensão em edifício conhecido como ponto de prostituição. Indícios revelam envolvimento de policiais
A Corregedoria Geral Unificada (CGU) e o Ministério Público do Estado do Rio realizaram na tarde de terça-feira, uma mega operação batizada de Dionísio para cumprir 492 mandados de busca e apreensão num edifício na Avenida Amaral Peixoto, no Centro de Niterói, onde funcionariam prostíbulos. Ao todo mais de 400 agentes foram mobilizados.
Segundo a polícia, nos locais usados para exploração sexual, os agentes encontraram cadernos com a contabilidade de programas e despesas, tabelas com preço e tempo de duração, máquinas de cartão de crédito, drogas, munição e preservativos.
O material foi apreendido e levado para 76ªDP (Centro). Mais de 50 pessoas que estavam nos apartamentos que eram usados como prostíbulos foram detidas e encaminhadas às distritais do Centro, de Icaraí (77ªDP), de Jurujuba (79ªDP) e do Fonseca (78ªDP).
De acordo com o delegado Marcelo Fernandes, que comandou a ação, durante as investigações - que contaram com apoio da Inteligência da Secretaria de Segurança - foram observados indícios de envolvimento de policiais na exploração do sexo.
Durante a operação na terça-feira, os agentes lacraram a entrada e a saída do prédio, impedindo a entrada e saída de pessoas sem que tivessem passado por revista. Ao todo 11 andares foram vasculhados. Os policiais verificaram ainda a prática de crimes como agiotagem, segurança ilegal e exploração de menores.
“As pessoas detidas aqui serão interrogadas. Nossa intenção é chegar às pessoas que comandam esta exploração. Havia a informação de que poderíamos encontrar pessoas ligadas ao tráfico de drogas do Morro do Estado aqui, mas isso não foi confirmado. Nosso objetivo é trazer dignidade aos moradores deste local, que convivem com este tipo de situação. Existem aqui moradores idosos e crianças”, declarou o delegado.
O presidente do Conselho de Segurança de Niterói, Leandro Santiago, comemorou a ação. “Os moradores que ali residem são intimidados com o ambiente e muitas vezes não denunciam os casos. O crime se aproveita disso e acaba agindo neste silêncio”.
A ação contou com o apoio das corregedorias da PM, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros.
Detalhes – Nos apartamentos usados como prostíbulos, além de estruturas precárias e improvisadas, as tabelas de preços afixadas nas paredes informavam que os programas variavam de R$ 30 a R$ 300 reais.
De acordo com uma das garotas de programa, seu faturamento médio mensal ultrapassa os R$ 4 mil. “Eu tenho família. Crio meus dois filhos. Tinha um emprego lá fora. Antes fui dona de um salão de beleza, mas aqui faturo mais”, revelou.
Outras mulheres contaram que alugam o espaço, mas que não sabiam quem era o proprietário. Os preços do aluguel variam de R$ 600 a R$ 2,6 mil. “Todo mês vem um homem aqui e recolhe o dinheiro”, disse.
Risco – O prédio segundo o delegado, também apresenta risco de desabamento e incêndio. O espaço - disse ele - estaria funcionando sem autorização do Corpo de Bombeiros. “A investigação do Ministério Público aponta que o prédio de 11 pavimentos e 341 apartamentos não possui nenhuma condição de habitação. Além disso, no local não há equipamento de combate a incêndio, como mangueiras e extintores”.
De acordo com o delegado, estas informações constam em um laudo da Defesa Civil, anexado ao inquérito.
Combate – Em junho, outra ação desencadeada por policiais da 76ª DP terminou com a interdição de uma casa de prostituição que funcionava no no mesmo prédio. No local os agentes encontraram três mulheres trabalhando. A gerente do estabelecimento foi presa em flagrante. Além disso, foi apreendido material relativo ao funcionamento da casa, como preservativos, inclusive um quadro com o tempo e os valores dos “programas sexuais”.
Fonte: O FLUMINENSE
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