Empresas de ônibus oferecem mais de 3,9 mil vagas imediatas
Por: Henrique Moraes 27/11/2011
Em função do déficit de profissionais, cursos de capacitação gratuitos estão sendo oferecidos e a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio
Quem tem carteira de habilitação profissional D e está desempregado não pode perder tempo. O setor de transporte coletivo está com 3.920 vagas para admissão imediata para motorista de ônibus. Em função do déficit de profissionais, cursos de capacitação gratuitos estão sendo oferecidos e a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor), que tem 208 empresas de transporte associadas, criou um banco de currículos em seu site para agilizar as contratações. Os interessados devem acessar o www.fetranspor.com.br e se cadastrar.
Com salário inicial de R$ 1.438, o segmento emprega cerca de 40 mil em todo o Estado. Para Ana Rosa Bonilauria, diretora-geral da Universidade Corporativa do Transporte (UCT) da Fetranspor, o banco de currículos tem o papel de dinamizar as contratações.
“O Estado do Rio está com crescimento econômico acelerado e estamos perdendo profissionais para os setores de infraestrutura. A rotatividade de emprego passou de uma média de 1% a 2% no setor para 8%. Temos urgência de baixar esta estatística”, planeja.
De acordo com Márcio Barbosa, superintendente do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj), os responsáveis por esta migração são a construção civil, a indústria naval e o setor de petróleo e gás.
“São mercados que estão investindo pesado no Estado. Alguns migram para continuarem a ser motoristas e outros mudam mesmo de área para profissões com salários mais atrativos”, avalia Barbosa.
“São mercados que estão investindo pesado no Estado. Alguns migram para continuarem a ser motoristas e outros mudam mesmo de área para profissões com salários mais atrativos”, avalia Barbosa.
Curso – Henriques Amaral, diretor do Sest/Senat de São Gonçalo, em Tribobó, está com inscrições abertas para o curso de qualificação de motoristas profissionais. Segundo ele, a empregabilidade é de 80% após a capacitação.
“É um curso de 160 horas/aula com cerca de dois meses de duração. Os alunos têm aulas sobre a Resolução nº 168, que é uma lei específica de normas e procedimentos, de responsabilidade civil e criminal, de qualidade no atendimento, de prática veicular entre outros temas”, explica Amaral.
O Grupo Rio Ita, da qual fazem parte ainda as auto- viações Rio Minho, Fagundes, Expresso Rio de Janeiro e Expresso Tanguá, está com 130 vagas abertas. A empresa, que tem 2.050 motoristas, aumentou sua frota em 30% (300 carros a mais) e segue em um processo de contratações.
A gerente de RH do Grupo Rio Ita, Maria Betânia Feliciano, explica que, após contratado, o motorista leva de seis a oito meses para atuar nas ruas por conta do período de treinamento.
“Como demoramos este tempo para ter o motorista apto para trabalhar, fazemos recrutamento constante. Muitos trabalham uma parte desse período como manobrista nas garagens à espera de uma vaga nas linhas”, comenta a gerente de RH do Grupo Rio Ita.
Chances em aberto
A Auto Viação 1001 está com 210 vagas em aberto.
“Nosso quadro necessário é de 1.650 motoristas. Hoje operamos com 1.440. A empresa tem oito filiais espalhadas no Estado do Rio, São Paulo e Minas Gerais, recrutando e aplicando testes práticos para posterior contratação”, informa Cássio Jânio, gerente operacional da 1001.
“Todas as filiais possuem um corpo de instrutores capacitados para esta prática diária”, acrescenta.
Luciano Pereira Alves, de 36 anos, tem 17 anos de profissão sendo que nove deles na Auto Viação 1001. Hoje ele está no cargo de instrutor geral e é responsável por uma equipe de 35 instrutores.
Luciano Pereira Alves, de 36 anos, tem 17 anos de profissão sendo que nove deles na Auto Viação 1001. Hoje ele está no cargo de instrutor geral e é responsável por uma equipe de 35 instrutores.
“Tenho a preocupação de mostrar aos nossos motoristas que eles lidam com seres humanos. No caso de recebermos uma reclamação de um deles nós procuramos investigar toda a situação sem fazer prejulgamento. Agora, com GPS e câmeras nos veículos, temos condições de apurar a maioria dos casos e avaliar o procedimento de cada um ao volante. Dessa forma eles se sentem mais seguros e tranquilos para trabalhar”, comenta o instrutor.
Ele informa que as mudanças do sistema viário em Niterói e no Rio, criando corredores viários exclusivos para ônibus, favoreceram o trabalho dos motoristas.“Agora, eles trabalham mais tranquilos e com menos estresse”, relata.
Seguindo a carreira militar antes de ser motorista, o instrutor-geral da 1001 diz que ajudou muito ter sido militar quando se tornou motorista de ônibus.
“A disciplina foi o meu maior ganho. Com um ano e meio de Auto Viação 1001 me tornei motorista orientador. Poucos meses depois passei para motorista instrutor e hoje chefio este núcleo de instrutores”, comemora Alves.
Histórias de quem está ao volante
Robson Silva de Queiroz, de 44 anos, está no Grupo Rio Ita há um ano e meio. Ele lembra que passou uma fase difícil sendo motorista de van.
“Trabalhei em van por sete anos e espero não voltar mais. Era motorista auxiliar e tinha que passar muitas horas ao volante para tirar um salário razoável. Sem contar o estresse no período em que o transporte alternativo se tornou quase todo ilegal. Aqui na Rio Ita fiquei cinco meses trabalhando como manobrista e há sete meses estou numa linha fixa”, comenta Queiroz.
Também funcionário do Grupo Rio Ita, sendo que pela Expresso Tanguá, Sérgio Carvalho, de 46, está há quatro meses como motorista. Ele lembrar que trabalhava desde 2003 na garagem da Rio Ita, mas numa outra função.
“Trabalhava numa firma terceirizada de manutenção e de abastecimento dentro do Rio Ita. Quando apareceu uma vaga de motorista não perdi tempo”, diz.
Frentista de posto de gasolina há 25 anos, Carvalho disse que motorista de ônibus tem que saber lidar com o público.
“Isso aprendi muito bem na época de frentista”, destaca.
Adilson Ribeiro, de 47, completou 25 anos de profissão. Há seis meses na Auto Viação 1001, ele lembra que esta é a 12ª empresa que trabalha.
“Foram dez empresas de transporte urbano e em duas de transporte rodoviário. Confesso que as linhas urbanas são muito mais estressantes. Comecei como motorista de caminhão por causa de dois tios caminhoneiros. O curioso é que fui contratado para trabalhar como mecânico na primeira autoviação que entrei. Afinal, é o meu segundo ofício”, relata.
O FLUMINENSE
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